Marcha da Maconha divide opiniões na orla carioca
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Marcha da Maconha divide opiniões na orla carioca
Ernani Alves e Denise Menchen
Direto do Rio
Cerca de 250 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, acompanharam a Marcha da Maconha, que partiu no fim da tarde deste domingo da praia do Arpoador, no Rio. Munidos de faixas, camisetas e um discurso afinado contra a atual política de repressão às drogas, manifestantes das mais diversas idades concentraram-se na orla carioca e seguiram, aos gritos de "tem que liberar a maconha pra plantar", em direção a Ipanema, onde o ato foi finalizado na areia da praia, em frente ao posto 9.
O evento, organizado por integrantes de ONGs e da iniciativa privada, integra um movimento bem mais amplo: o Global Marijuana March, que marca presença em 232 cidades de todo o mundo neste fim de semana. No Brasil ele está em seis cidades, mas nem todas optaram por realizar uma marcha. Em Porto Alegre, por exemplo, foi realizado um seminário para debater o assunto.
"A atual política proibitiva provoca o aparecimento de um mercado paralelo armado, preços inflacionados e a guerra entre traficantes e policiais", critica Luiz Paulo Guanabara, coordenador-geral da ONG Psicotrópicus. "Somos a favor da regulamentação e controle do comércio da maconha." Segundo ele, a venda em locais credenciados afastaria os jovens das drogas mais pesadas, pois ao contrário do que acontece hoje nas bocas-de-fumo, elas não ficariam lado a lado com a maconha.
A estudante universitária Bárbara, cita outro motivo para defender a legalização: maior segurança para o usuário. "Hoje não sabemos a qualidade do que consumimos, e ainda somos obrigados a entrar em contato com criminosos para poder fumar". Esses argumentos, no entanto, não são suficientes para convencer a contadora Zânia Mara, de 22 anos, que passava pelo local e foi atraída pela manifestação. Para ela, existe o risco de que a legalização da maconha seja o primeiro passo em direção à liberação de outras drogas, como a cocaína.
Os manifestantes carregaram pôsteres com as imagens do governador Sérgio Cabral, deputado federal Fernando Gabeira (PV), e do cantor Marcelo D2 - os três já declararam ser a favor da liberação da droga. Paralelamente à "Marcha da Maconha", católicos distribuíram panfletos alertando sobre os efeitos nocivos da droga.
A iniciativa foi do vereador Márcio Pacheco. Ele criticou a presença de parlamentares no ato. "Enquanto o uso da maconha é crime, aqueles que fizerem um apoio direto a isso, estarão fazendo apologia ao crime. Eu recomendaria aos parlamentares que façam uso do bom-senso e não incentivem o uso desse tipo de droga", disse o vereador.
O deputado estadual e secretário de Meio Ambiente do Rio, Carlos Minc, afirmou que é favorável à regulamentação da venda de maconha e participou do ato. "Eu acho que o Rio de Janeiro é uma cidade sitiada pelo tráfico de drogas e de armas e isso não se resolve com a atual política de drogas, que fortalece o traficante. O maior interessado em manter a política de drogas como ela é hoje é o traficante e o lado corrupto da polícia", disse Minc.
"A estudante Lucilia Perrone, 29 anos, afirmou que começou a usar a droga há um ano, depois de consultar um psiquiátra sobre os malefícios à saúde. "Não sou a favor da propaganda para o uso e sim a favor da legalização." Já Vanildo Moretti, 58 anos, contou que começou a fumar maconha com 12 anos e nunca teve problemas de saúde.
Redação Terra